"Quando eu morrer o mundo não vai parar porra nenhuma!" Até sempre, Sr. Contente. ❤️

Ontem perdemos um dos melhores da sua geração. Um dos melhores da nossa televisão. Um Homem que amava a vida, e que era apenas disso que, um dia, quando morresse, teria pena - não da morte, mas sim de não poder viver mais. 

Uma pessoa visivelmente amada e admirada por todos. 

Portugal ficou ontem, mais pobre. 

Descansa em paz. ❤️



“O que é que dirá Portugal no dia a seguir à sua morte?” 

“Não sei. Devo ir para a Basílica da Estrela que é o normal, depois vou para o crematório. Não sei o que é que dirão… Gostava que dissessem que tinham gostado de mim. Eu gosto que gostem de mim, é um facto, é um fraco que eu tenho. Porque eu gosto muito das pessoas. E quero que me acordem com um sorriso, com um carinho. Com um “por aqui passou, deixou algumas coisas boas”, com o legado de algumas coisas que fiz, que as pessoas gostaram de ver. Cansei de rir as pessoas. Cansei de chorar, que muitas vezes é muito bom. Eu comemoro muito pouco os anos, porque acho que não aconteceu nada de especial no mundo por eu ter nascido, nasci e pronto. Tá bem. A minha mãe gostou muito, a minha família gostou muito, mas nada de especial, o mundo girou. E no dia em que eu morrer, ao contrário do que nós temos com aquela expressão “quando eu morrer o mundo vai parar”, não vai parar porra nenhuma! Nada pára. O mundo gira, as lojas abrem, as pessoas riem, as pessoas choram, nascem pessoas. Tudo isso no dia em que eu morrer, portanto não é importante com certeza. 
Alguém me perguntou porque é que eu tinha este aspecto, porque é que vivo assim, e eu disse que se calhar não estou zangado com ninguém, fiz as pazes com toda a a gente. Eu já era muito assim e depois de ter tido este acidente de percurso que tive o ano passado com este problema na próstata, relativizei ainda mais as coisas e sou cada vez mais assim. 
Há muito poucas coisas importantes na vida, além do nascimento, da morte, do amor, da amizade, que é outra forma de amor, poucas coisas são importantes, francamente. E nós damos demasiada importância a essas coisas. Quando nós nos lamentamos e há pessoas que não sabem como é que vão viver amanhã, se têm dinheiro para comer, quando há pessoas com doenças tremendas a sofrerem imenso... E nós queixamo-nos porque há trânsito. E porque uma coisa que gravámos não nos correu bem. E porque houve uma crítica má. 
É ridículo.”

Nicolau Breyner