#ImNoAngel



Por esta altura, já todos vós devem saber ao que me refiro e penso que, arrisco a dizer, seguem a mesma linha de pensamento que eu, assim numa larga maioria. 

Venho falar-vos da campanha que a marca americana Lane Bryant - a qual comercializa lingerie em tamanhos grandes - lançou, em jeito de resposta (ou imitação, para as más línguas) à mais recente campanha da Victoria's Secret. 

Eu adoro a Victoria's Secret. Juro que adoro! (Quem não?), mas tenho com toda a certeza que parabenizar esta campanha.

Em primeiro lugar, porque apesar de achar ter sido um erro crasso, embora talvez inocente, por parte da Victoria's Secret - a marca -, esta publicidade é, de facto, discriminadora. Pois a publicidade inicial dava a entender claramente que o corpo perfeito era apenas um - o igual ao semelhante aos dos seus "anjos", altos, esguios e alguns, em magreza quase extrema. Tudo isto para publicitar a sua nova linha de soutiens "body", onde faziam, inicialmente, o trocadilho com a palavra Body (corpo) e o nome da campanha "The perfect body" (o corpo perfeito), onde apareciam então, dez anjos da Victoria's Secret, com a nova linha de lingerie vestida, fazendo assim alusão à mesma. 



Dada a polémica, a Victoria's Secret viu-se obrigada a alterar o slogan da campanha, passando-a promovê-la com uma frase diferente, "A Body For Every body", implicando que os novos modelos de lingerie eram adequados aos diferentes tipos de corpo de todas as mulheres.


A questão aqui, a meu ver é só uma. Não é uma crítica qualquer. Não é falar só por falar. Ou meramente criticar negativamente, só porque sim (e tão tipicamente português). Aqui a questão é que falharam redondamente, coisa que não deveria acontecer pela quantidade e qualidade de pessoas que devem ter, extremamente qualificadas para tal, e pagas a peso de ouro para o efeito. Mas acontece, e não querendo banalizar (mas banalizando) - "Herrar é Umano". 

A questão, e a gravidade da situação a meu ver, é que já é hora do mundo da moda proibir ou tomar certas medidas, quanto às rígidas exigências de medidas-peso-altura e afins, exigidos às modelos. É desumano. 

A maioria não se queixa, nem sequer refere o assunto, mas está lá. O medo, a competição, a loucura, o êxtase. Tem constantemente e até, senão mais do que em qualquer outra profissão - fortes concorrentes em quase cada virar de esquina. Existem milhares de pessoas lindas. Pessoas altas. A combinação dessas duas características então é perfeita. E têm que lutar arduamente pelo seu lugar, todos os dias. Sem comer. Ou a comer tanto como uma formiga, sim, porque alface por si só não conta, nem chega. Está bem que, como em qualquer outro trabalho, com as devidas exigências, a deste é a manutenção do corpo, das medidas certas, do peso ideal. Até poderia não haver qualquer problema, se não se estereotipasse a imagem de perfect body em todas as esquinas, todas as publicidades, todos os filmes, todas as revistas.

Daí que quando vimos um famoso (ou famosa vá, que as mulheres nisto são bem mázinhas) ao natural, sem as super-produções a que estamos habituados nos sintamos chocados, ultrajados, e até, nalguns casos - regozijados. Todos eles são pessoas normais, de carne e osso como nós. Todos eles têm mau hálito de manhã, olheiras e o cabelo embaraçado. Celulite. Estrias. (estranho não é?!) Mas garanto-vos que é verdade. São iguais a qualquer comum mortal. Simplesmente têm um trabalho privilegiado, que lhes permite o acesso a certo tipo de regalias (embora não seja a palavra certa aqui para o caso) próprias da sua profissão. 

É normal que pela sua notoriedade e posição na sociedade, em termos de que inspiram milhares, centenas ou dezenas de pessoas, todos os dias, tenham que estar devidamente apresentáveis. Pois têm que transmitir uma espécie de exemplo. O erro aqui, é o estereótipo. Porque a partir daí, toda a gente segue o exemplo x como moda, como corpo perfeito, como pessoa perfeita, com um exemplo. E, meus amigos, a perfeição não existe. E a pessoa perfeita que as marcas, a moda, a televisão criam - é uma perfeição quase inalcançável. 

Daí que, e mais uma vez, dou os PARABÉNS à marca Lane Bryant pela excelente campanha protagonizada - e a valente resposta - juntamente com um óptimo e extremamente bem aproveitado sentido de oportunidade! :) 

E sabem que mais? Tenho muito orgulho em que um dos anjos da Victoria's Secret seja português - a nossa querida Sara Sampaio. A sério que tenho. Pois ao contrário de muitos, acima de tudo, e independentemente de gostar ou não da pessoa em causa ou dos seus ideais, gosto e tenho orgulho no que é nosso. No que é português

Mas - e sem querer ofender as demais - a nossa querida Jessica Athayde, dá 10 a 0, a estes anjos. Venha quem vier. É gira que se farta, é bem feita, e bem portuguesa. Não é esquelética, e está claramente longe de ser gorda (invejosas!!), mas para mim aquilo sim é um perfect body. É feliz, transmite isso em tudo o que faz. Sente-se bem com ela própria. E tem personalidade e atitude que sobra. É tudo isso que faz dela um perfect body, e é também tudo isso que faz dela uma pessoa normal

Temos de começar a ver - com olhos de ver - acima das medidas perfeitas, dos pesos ideais. Isso é tãooo relativo. Tão subjectivo. Tão pequenino.

Esperemos que a Moda evolua. Tem demasiados fãs, dita demasiadas vidas. Vale sempre a pena acreditar. 



E nunca se esqueçam: sexy é um estado de espírito, e não um tamanho

xoxo